Vela Universal desafio criativo-inovador

Guillermo Asper, 14 de setembro, 2023

No texto acima mostramos apenas um possível caminho. Hoje numa nova reflexão consideramos que uma estratégia que pode tenha resultados seria redefinir o foco da ação. No caso a busca do engajamento de escolas de vela criando uma rede de ação combinada entre as várias escolas para o estabelecimento de módulos capazes de serem oferecidos idealmente dentro de um veleiro pois nada como fazer para melhor aprender. E na medida em que fiquem bem definidas as opções de tempo, espaço, treinadores, equipamentos e inclusive custos os interessados — incluso escolas de educação física privadas ou públicas– possam demandar a prática dos módulos e treinadores de sua conveniência e colocar o projeto em andamento.

As barreiras de acesso para um ciclista adentrar o mundo da vela começam pelo grande contraste entre as primeiras pedaladas de bicicleta (no intervalo dos 6 e 8 anos de idade) e o que alguns experimentaram ao serem iniciados na prática da vela (entre os 10 aos 11 de idade). O pai de um amigo meu, naquele tempo, frequentava a Escola Pública de Vela “Amigos del Mar”, Rio Almendares, La Habana, Cuba. Certamente para aquele jovem o acesso à vela era uma dádiva em contraste com a experiencia comum aos jovens de hoje. Às facilidades oferecidas àquele amigo se somavam a de poder frequentar um clube, que dispunha de barcos-escola, veleiros disponíveis sem fila, nem custo.

Para a grande maioria, sem acesso ao modelo clubes de vela, o investimento na compra de um veleiro, se comparado com o uso da bicicleta, mostra uma demanda mais de cinco vezes maior. E esta barreira financeira se soma à demanda de aprendizado para velejar sozinho impactando a participação de jovens na vela. Mas, afinal, por que velejar oferece tamanho diferencial para valer a pena superar tantos desafios e agir socialmente para reduzi-los?

Andar, correr, pedalar, remar, academia, futebol …  tudo isso é mito bom, mas velejar, como observaria o Grael, ensina a ajustar nossas ações ao ambiente, ou ir ajustando o rumo para o alcance do objetivo, pois o vento nem sempre é favorável. Como planejar a jornada, prever as dinâmicas do tempo, garantir segurança e antever os obstáculos submersos? Como entrosar a equipe para orquestrar as ações aumentando a velocidade com menos esforço? Como atracar em novos portos, preservando o estado do barco? São de fato muitos os elementos que diferenciam a prática da vela de outros esportes.

Questione como a vela estimula a inteligência emocional; promove o estresse positivo; favorece a criatividade; refresca a mente; proporciona um embate ameno com o meio ambiente, além de proporcionar formação de times. Estamos por tanto presentes a uma alternativa capaz de impactar a rotina do dia, acrescentando satisfações cotidianas únicas. E se esta riqueza não fica aparente, o que fazer para trazê-la à tona?

Trata-se de um desafio razoavelmente complexo, mas também capaz de ser vencido. De um lado, tenta-se diminuir as barreiras de custo de uso de barco e do tempo de aprendizado em particular, e de outro aumentar as capacidades de superá-las. Assim, os clubes de vela, proporcionando uso sem depender de propriedade, reduzem essa barreira desde que ofertando suficiente uso gracioso. E as universidades, formando instrutores de vela em quantidade para reduzir o custo do aprendizado. Em algumas situações, os clubes podem oferecer aulas gratuitas, como já há exemplos.

Pesquisas comprovarão q os velejadores têm mais formação universitária do que os que praticam outros esportes, embora curiosamente sejam poucas as universidades que têm na vela um esporte central e, menos ainda, àquelas cujas faculdades de educação física incluem no currículo o ensino da prática de vela.

Escola de Vela UFRJMAR extensão Paraty – Nuno Roza

Alguns ensinamentos que favorecem a atitude inovativa das pessoas: (A) Características socioeconômicas: (a1) formação acadêmica superior; (a2) status social elevado; (a3) grande mobilidade de ascensão social; (a4) associados a grandes organizações; (B) quanto as características de personalidade: (b1) praticam empatia com facilidade; (b2) possuem capacidade de aceitação de novas ideias; (b3) conseguem compreender abstrações, sem depender de exemplificação; (b4) percebem logo quais os meios mais efetivos para o alcance de resultados; (b5) possuem um nível de inteligência diferenciado; (b6) favorecem mudanças; (b7) convivem com a incerteza com naturalidade; (b8) aceitam os avanços da ciência; (b9) acreditam na sua capacidade de controle para o sucesso de seus eventos; (b10) possuem alta expectativa para seu futuro; (C) quanto aos comportamentos de comunicação: (c1) praticam alta participação social; (c2) estão bem interconectados nos grupos sociais; (c3) são mais receptivos às influências que vem de fora de seu próprio ambiente; (c4) tem mais contato com agentes de mudança; (c5) são mais conectados aos veículos de comunicação seja de massa ou interpessoais; (c6) procuram informação sobre inovação sistematicamente; (c7) possuem grande conhecimento sobre inovações. Rogers (1995, 273-274).

Portanto, deve-se procurar a adesão de velejadores à adoção de medidas que diminuam as barreiras de acesso à prática da vela. A conquista, de dezenas de apoiadores, na formação do grupo CVELA foi, com certeza, um excelente começo no 1º semestre de 2023. O apoio continuado desse grupo proporcionará o alcance seletivo de grupos de universitários, capazes de imprimir o peso necessário para fazer decolar a mudança. Dentro das universidades, procuraremos contagiar indivíduos com as características de inovadores e assim fortalecer o grupo a liderar a mudança.

Há a perspectiva de promoção de um concurso, francamente aberto, para definir características desejáveis num veleiro tipo Dingue, de aparência jovem, de custo baixo e modo de fabricação simplificado e, eventualmente, itinerante. Será voltado para uma clientela capaz de comprar lotes de 10 barcos, tais como Clubes de Vela, dedicados significativamente para velejadores em processo de aprendizado e iniciantes. Esse Dingue, convenientemente projetado, poderia ser adequado para atender a demais propósitos variados, como a vela adaptada, entre outros. De fato, estudantes de marketing e administração, engenharia industrial, desenho industrial, administração da produção, engenharia naval, psicologia e promoção da saúde, entre outros, poderiam se sentir motivados e daí se entusiasmar. Assim que ficar bem delineado o que se deseja, pode ser promovido um hackathon, como forma de ampliar o alcance de público para a iniciativa.

Entre as definições preliminares, para a operacionalização do concurso, se imagina que os recursos para a premiação sejam oriundos notadamente das próprias inscrições, eventualmente complementados por doações de apoiadores do projeto, incluso empresas náuticas. A distribuição de premiação aos 3 primeiros colocados poderia ser: 1o lugar 50% do valor arrecadado; 2o lugar 30%, e 3o lugar 20%.  Estamos, na realidade, falando de um modelo de reunião de habilidades na modalidade: crowdsourcing, reunindo, assim, voluntários para a realização de uma mobilização no meio acadêmico, tendo como foco o desenvolvimento da caracterização por meio de descrições textuais e representações gráficas de um Dingue para principiantes.

Sendo que como aprendido com o Professor Dutton, na USC: os mecanismos de interação do processo de desenvolvimento são, certamente, mais relevantes do que o próprio resultado, pois o que se deseja com a discussão do tema é eventualmente empolgar grupos de inovadores universitários. Espera-se alavancar a massa necessária para mobilizar o processo de adoção da inovação superando barreiras e colocando a inovação em andamento.

MiniCurso de extensão 30 horas em 2024 – CEAM – Empreendedorismo no Esporte da Vela

Velejar, um sonho possível: aprendendo os rudimentos da vela para poder aplicar ferramentas de criatividade e inovação na transformação desse sonho em realidade para você e muitos.

Vamos dispor de algumas poucas aulas que permitirão entender o funcionamento básico de um Dingue, barco de uma vela que pode ser operado por uma só pessoa, mas que acomoda bem três ao todo. Como alcançar o objetivo desejado, mesmo que o vento não sopre na direção desejada? Como mudar a posição e o lado da vela para movimentar o barco?  Como subir, descer a vela, montar e desmontar o barco? Quais as regras básicas de segurança na navegação? Como fazer um nó de marinheiro que não solta (Lais de Guia)?

“Em um treinamento de 16 horas – 100% prático, objetivo, dinâmico e pedagogicamente eficaz eu consigo ensinar os movimentos de orçar e arribar, aproar e desaproar, trimar as velas, cambar e mais uma ou duas coisas básicas.” disse o Prof. Marcelo Visintainer Lopes “O processo de aprendizado em um veleiro consiste em observar, processar a informação, fazer, errar, corrigir o erro, repetir, corrigir e repetir.”

Conhecendo e aprendendo a gostar de um barco de vela vai permitir avançar um passo no jogo do aprendiz de velejador pois começamos a saber que para velejar será necessário dispor de instruções básicas. Embora velejar um monotipo não exija solicitar carta de arrais amador da capitania dos portos, mas parte desse conhecimento será necessário para melhor aproveitar a prática da vela. Logo como estabelecer o perfil desejado das escolas de educação física e de vela que ensinam o básico do básico no velejar. Como avaliar do ponto de vista do processo educacional as opções disponíveis com qualidade que satisfaçam prazos e custos desejados?

Certamente para aprendermos a velejar precisa-se de um barco. Teríamos que comprá-lo? Ou existem opções para o uso de veleiros sem exigir sua compra? Existem Escolas de Vela capazes de fornecer o treinamento e barco e ainda existem Clubes de Vela a aceitar membros mediante mensalidades razoáveis a permitir se desfrutar do uso de veleiros. Logo se você estuda organizações e empreendimentos é possível que você possa rascunhar um modelo de negócios para o estabelecimento de um Clube de Vela. Passando pelo marketing, a avaliação do mercado potencial, os custos envolvidos com equipamentos e pessoal, o modelo de investimento e avaliação do custo/benefício da operação.

Porém tanto os clubes de vela quanto as escolas de vela irão precisar, além dos instrutores e monitores, dos barcos de vela em si e barcos adequados à finalidade e aí cabe investigar se o mercado oferece em termos de custo-benefício aquelas características adequadas para os aprendizes da vela e a melhor maneira de se saber disso seria uma pesquisa que reúna uma variedade de estudantes de especialidades diversas para especificar uma ou mais alternativas do produto necessário para tal fim.

Acima o Dingue da Holos Brasil. Assim é que além dos estudantes de educação possam avaliar os cursos de vela disponíveis e dos estudantes de administração desenhar o modelo organizacional de como construir clubes de vela autossustentáveis. Precisaríamos de estudantes de uma gama variada de diversas especialidades incluindo: engenharia naval, engenharia industrial, engenharia de produção, artes, administração de marketing e de logística, psicologia e cuidados de saúde. Sem se esquecer é claro dos estudantes de criatividade e inovação. Um time assim multidisciplinar de se conseguir reunir poderia alertar empresas náuticas quanto as potenciais características de um modelo de Dingue voltado para o aprendizado da vela.

Como resultado das 30 horas da extensão. Não se espera transformar os alunos num conjunto de velejadores capazes de montar um negócio de escola de vela, e caracterizar plenamente um veleiro ideal para o aprendizado da vela. Espera-se sim capacitar os alunos de um conjunto de elementos solidamente entendidos para que concluído o semestre estes possam se desenvolver no tema com firmeza, reforçando assim seu entusiasmo. De tal modo que o próximo passo rumo ao mundo da vela seja mais prazeroso posto que mais informado, e assim sendo os alunos possam dar uma contribuição efetiva na construção e prática do conceito VELA UNIVERSAL.

Segue aqui o time inicial de Empreendedorismo nos Esportes Náuticos

voluntários para aulas de 2 horas: Minicurso CEAM março 2024
1) Guillermo Asper, PhD – professor de Inovação Frugal.
2) Aldery Silveira Júnior – Dr em Transportes – professor de Financas;
3) Fernanda Rachid, professora de Canoagem;
4) Nuno Roza, professor de vela – marés e correntes e Vento.
5) Afonso Montezuma, empresário de vela – BBR SAILS -Lógica e Funcionamento dos Barcos – Teoria e Prática;
6) Felipe Massaro – Psicologo- Criatividade nos esportes náuticos: promoção de saúde mental;
7) Marcello Morrone – Empresário no Katanka – Professor de Prancha à Vela;
8) Paulo Bermejo – Professor de gestão e empreendedorismo- Oficina Prática de Pesquisa em Negócios Náuticos;
9) Allan Moreira, Capitão de Longo Curso Marinha Mercante – Gestão Náutica sob a perspectiva do clube.
10) Caio Cesar de Medeiros Costa, Presidente da Sociedade Brasileira de Administracao Pública, Dr em Administração Pública com estagio doutoral em Harvard. – Aprendendo a Velejar Primeiras Experiências;
11) Marcelo Katalinic, presidente da Federação Náutica de Brasília, Educador Físico, Administrador e Árbitro Internacional de Regatas – Sistemas de Apoio à de Decisão na Promoção do Velejar;
12) Andrey Godoy, North Sail Velas, campeão Brasileiro de Laser Radial ILCA6, – Velejar bem é sentir o vento, vamos experimentar juntos.
13) Lorenzo Cardoso de Souza. Diretor da Holos Brasil Compósitos & USSVtech Sistemas Autônomos. Experimentado em Construção e Arquitetura Naval – A experiencia bem sucedida da Holos Brasil, construção e comercialização do Dingue;
14) Carlos Freitas, VelaArt, Escola de Vela e Empresário de Serviços Náuticos – O Desafio da Qualidade em Serviços Náuticos; 15 – Débora Medeiros – Diretora da Escola de Vela Brasília – Essência de uma Escola de Vela, para além do conteúdo.
16 – Marcelo Takano – Diretor do Clube de Vela da Aeronáutica – A Essência de Velejar, método VVR, reflexões e associações.

No texto acima mostramos apenas um possível caminho. Hoje numa nova reflexão consideramos que uma estratégia que pode tenha resultados seria redefinir o foco da ação. No caso a busca do engajamento de escolas de vela criando uma rede de ação combinada entre as várias escolas para o estabelecimento de módulos capazes de serem oferecidos idealmente dentro de um veleiro pois nada como fazer para melhor aprender. E na medida em que fiquem bem definidas as opções de tempo, espaço, treinadores, equipamentos e inclusive custos os interessados — incluso escolas de educação física privadas ou públicas– possam demandar a prática dos módulos e treinadores de sua conveniência e colocar o projeto em andamento.